segunda-feira, 15 de junho de 2009

DISSECANDO THIAGO NEVES


Quem lê o que escrevo ou conversa comigo, sabe que é notório a minha admiração pelo futebol do Thiago Neves. Chegou ao Fluminense no início do ano de 2007 com uma leva de jogadores a pedido de Joel Santana. Não chegou com desconfiança, pois era um jogador para integrar o grupo, mais um daqueles “vamos ver no que dá”.

Inicio de temporada, ele como reserva imediato do Carlos Alberto (então craque do time) fazia poucas partidas, mas sempre entrada bem, com disposição e um futebol rápido. Após o título da Copa do Brasil e a conseqüente ida do Carlos Alberto para Alemanha, Thiago Neves conseguiu uma série de jogos, já sob a batuta de Renato Gaucho e em seis meses jogou o suficiente para ganhar a Bola de Ouro da Revista Placar (como melhor jogador do campeonato), e ajudar o time pela primeira vez em 20 anos conseguir uma vaga para Libertadores da América (a despeito de já ter garantido a vaga pela conquista da Copa do Brasil).

Tinha sido um achado, a torcida tricolor adorou seu futebol agudo recheado de ótimos chutes a média distância. E ele juntamente com Thiago Silva estavam formando a dupla de novos ídolos do tricolor, se bem que nesse ponto o Silva fazia uma trilha mais sólida, pois nunca esteve envolvido em negociação com nenhum time na sua passagem durante aquela temporada, ao contrário do Neves que chegou até receber um adiantamento do Palmeiras por ter assinado um pré-contrato com o clube palestrino. A meu ver, essa celeuma se deu mais pela incompetência da diretoria do Fluminense (coisa redundante) que mantinha com Thiago Neves um contrato digno de um reserva e não de um Bola de Ouro, e dormiu no ponto no período em que o jogador podia já assinar um pré-contrato com outro time. Deslize que custou ao clube o resto do passe do Lenny e do Diego Souza... Incompetência custa caro!!!

2008 chegou e com ele um esquadrão no ataque: Leandro Amaral, Washington, Dodô, Conca traziam a esperança de um poder ofensivo sem igual no país. A dúvida na formação do time ficou nas entradas de Dodô e Conca, pois Leandro Amaral, Washington, e Thiago Neves nunca foram tidos como dúvidas para formação do time. Com Leandro Amaral indo para o Vasco por ordem judicial e Dodô sacado por conta de uma fratura do rosto, o time foi tendo sua cara formada, para um ano que guardava as maiores emoções, em anos da minha vida apaixonada pelo Fluminense.
Muito dela foi construída com seus pés, nem sempre com o toque fatal, mas também com um passe de qualidade, um drible objetivo ou uma falta convertida ele foi marcando a minha admiração pelo seu futebol. Mesmo em momentos de críticas as más partidas dele (críticas misturadas com as rusgas da quase transferência para o Palmeiras), quando meu amigo-irmão Everton comparava o futebol do Thiago Neves com o do Conca alegando que o argentino era mais constante, eu sempre contra-argumentei que ao contrário do Thiago Neves ninguém nunca espera que o Conca (ao qual gosto muito) decidirá uma partida, e por isso o tamanho da cobrança em cima do Thiago.

Libertadores perdida (não por sua causa, verdade seja 4 vezes dita) Thiago Neves padeceu do mal de todo jogador sem instrução e mal assessorado. Partiu para Europa na primeira grande proposta, sem olhar o país, a cultura, o time. Simplesmente foi, pois para gente assim como ele, oportunidade como esta não se desperdiça (Thiago Silva que o desminta!!).

Jogador rápido e de dribles curtos foi se aventurar no combatido e truculento futebol alemão, o resultado de um péssimo início era mais que previsível, não suportando o espaço perdido no time do Hamburgo e com isso na seleção brasileira, fez o impossível para voltar a cena nacional; e o impossível se chamou Al-Hilal, trocou o período que o seu futebol poderia começar a se desenvolver na Alemanha, por uma única chance de jogar 6 meses no Brasil, mesmo que com isso ele pagasse o preço do ostracismo no mundo árabe. Tudo em nome da seleção e da Copa do Mundo de 2010. Ao contrário de 2008, o Fluminense não tinha uma base montada e seu plano foi para cucuia.

Pachecadas a parte, a torcida vive com Thiago Neves uma relação bipolar, onde muitos achavam que estava surgindo um novo Zico durante sua boa temporada e também que se trata de um enganador mercenário durante a sua fase atual. Não acho, nem nunca achei, nem uma coisa, nem outra. Trata-se de um ótimo meia-atacante, que não é nem será um gênio do futebol, mas é um artilheiros do time mesmo não sendo atacante.

Ao meu ver, ele ainda é o melhor meia-atacante do atual futebol jogado no Brasil. Mas por essa temporada infeliz, fruto de uma série de decisões infelizes, irá embora sem deixar as saudades que eu tanto gostaria de ter.

Um comentário:

pedro m. disse...

Rafa,
Concordo contigo. Mas fato é que a cabeça do Thiago Neves anda longe das Laranjeiras desde o seu "retorno" do futebol alemão. É uma pena, pois ele poderia estar comendo a bola, na seleção e com um bom contrato com o Fluminense. Agora é tarde. Acho que hoje a pergunta deve ser: quando é que a diretoria vai aprender a segurar bons jogadores, como a do São Paulo faz? É foda ver o Thiago Silva vendido por 10 milhões de euros (numa transação em que o Fluminense não recebeu UM CENTAVO sequer), enquanto a diretoria do São Paulo recusa uma proposta de 25 milhões por dois jogadores (média de mais de 10 milhões por cada -- e em tempos de crise).

Saudações Tricolores.